Desejo – De Victor Hugo foi um texto que um amigo me deu para treinar locução para um curso de radialista. O projeto não vingou, mas pra tudo tem o momento certo. Inesperadamente anos depois foi encontrado e, em 2004, veio a ideia de montar um blog.
Naquele ano criamos o ViaBlog, e para estrear com chave de ouro publicamos este poema como o primeiro post. Com o propósito de divulgar o trabalho de soluções web juntamente o blog acabou sendo uma fonte de inspiração. Em virtude de alguns contratempos o blog foi desativado em 2006.
Em 2017 a empresa Via da Tecnologia volta a operar com um novo portfólio e um novo blog foi desenvolvido. A ideia de ter um blog para o site principal com postagens diversas teve início. No entanto algo surgiu no meio do caminho mudando os planos. Não apenas criamos um blog com conteúdo próprio, como também mantivemos a história preservando um texto: Desejos – De Victor Hugo.
Recentemente soubemos de uma divergência sobre a autoria deste poema. Ou seja, que não seria da autoria de Victor Hugo e que teria uma versão que, talvez seria a original. Os Votos – De Sérgio Jockymann foi publicado originalmente no ano de 1980.
Com o intuito de preservar o direito autoral e por não termos a plena certeza sobre a veracidade da informação correta publicamos o poema mantendo os créditos não só para Sérgio Jockymann, mas também para Victor Hugo. Sobretudo este texto merece sua atenção por ser muito bonito.
Desejo – De Victor Hugo / Os Votos – De Sérgio Jockymann
Desejo primeiro, que você ame, e que amando, seja também amado.
E que se não for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa.
Desejo pois, que não seja só, mas se for, saiba ser sem se desesperar.
Desejo também que tenha amigos, que mesmo maus e inconsequentes, sejam corajosos e fieis.
E que pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar, por que a vida é assim.
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiadamente inseguro.
Desejo depois que você seja útil, mas não insubstituível e que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo para os outros.
Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais, e que sendo maduro, não insista em rejuvenescer.
E que sendo velho não se dedique ao desespero, por que cada idade tem seu prazer e a sua dor e é preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste, não o ano todo, nem um mês, apenas um dia, mas que nesse dia você descubra que o riso diário é bom, riso habitual insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra, com o máximo de urgência, acima e despeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato, alimente um cão e ouça um João-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal, por que assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que você saiba de quantas muitas vidas são feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, por que é preciso ser prático e que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga “isso é meu”, só para que fique bem claro quem é dono de quem.
Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por você, mas se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem, você tenha uma boa mulher, e que sendo mulher, tenha um bom homem.
E que se amem hoje, amanhã, no dia seguinte e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor para recomeçar.
E se isso tudo acontecer, não tenho mais nada a te desejar.
Fonte: Folha da Tarde – Porto Alegre – 30 de Dezembro de 1978
Paz e Luz para todos! Até a próxima.
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