A fila do pão é conhecida como um dos lugares mais comuns para se conhecer alguém. Mas e quem está sozinho a muito tempo e já demonstra não curtir muito filas quilométricas? Aprecio muito artigos na internet que fala sobre as vantagens de conhecer alguém em lugares inusitados como a padaria do supermercado. Mas como fica quando se é da turma do “Só quero chegar em casa!”?
Muita gente gosta de dar opinião de como é possível conhecer alguém sem o uso das redes sociais, do aplicativos, enfim. Mas o que eles não sabem é que tipo de pessoa você é na rua. Se você é mais observador, gosta de olhar para os lados, vitrines, livros. Ou se você é mais objetivo, prático, breve, só entra no lugar para fazer determinada tarefa, ou comprar o que está só na lista de compras e sair correndo pra casa.
Num mundo conectado você tem como acompanhar as notícias de como está complicado andar por aí. São notícias e mais notícias sobre assaltos, estupros, assassinatos para todos os lados. O lugar, até então, mais seguro que existe é a sua casa. Só fica a dúvida como se proteger dos problemas de lá de fora sem virar um ermitão. Notícias assim fazem as pessoas olharem todos a sua volta com outros olhos, inseguras, desconfiadas. Então como puxar assunto com alguém numa fila de pão? Por onde começar? “O preço do salame tá o olho da cara, né?” ou “A senhora curte um cacetinho?” Dá um tempo, né?
Fila do pão não é pra qualquer um
Pessoas mais extrovertidas, comunicativas e sem medo de escutar o que não gosta por uma inversão de opinião, são raras hoje em dia. Sobram as introvertidas, mais quietas, tímidas e que respeitam o espaço alheio. Como saber se aquela pessoa, com o cesto pesado, podendo estar pensando se tem saldo na conta do banco para comprar tudo aquilo está disposta a conversar sobre o tempo que está se armando lá fora?
Ficar na minha
Quando se está solteiro a muito tempo e não se identifica muito como uma pessoa que gosta de puxar assunto fica muito difícil de encontrar uma brecha, mesmo que pequena, para conversar em uma situação atípica. Antigamente podia se dizer que era mais fácil, mas os tempos eram outros. Já hoje estamos mais retraídos, com certos medos, por assim dizer. Muitas vezes somos confundidos como antipáticos por respeitarmos o espaço do outro. Aquele cliente que passa um ar sério pode ser a melhor pessoa do mundo. Carinhosa, alegre, parceira, comunicativa, amável.
A fila do pão pode ter sido um dia a melhor maneira de encontrar o par perfeito, mas nos dias de hoje, com a tecnologia das balanças mais avançada, com a qualidade do pão inquestionável e funcionários mais ágeis pouco tempo se tem para dar um oi e chegar na parte da troca de telefone. Estamos habituados a viver quietinhos no nosso mundo, olhando as últimas no celular, enquanto a fila anda. Nos isolamos em respeito ao próximo, mas quem sabe com uma curtida ou comentário não cruzemos nossos caminhos de novo?
Paz e Luz para todos! Até a próxima.
Conheça nossa página no Facebook – Na Companhia do Café
Deixe um comentário