A maturidade quando chega vem acompanhada de muitas histórias e cicatrizes. O caminho percorrido vira lembrança que pode ser amarga, mas sempre cheia de altos e baixos. Dizemos que pode ser amarga porque em algum momento erramos e perdemos, mas hoje falaremos de amadurecer perdendo algo. Lendo um artigo em um site passei por um trecho que me remeteu para os tempos de adolescência. Naquela época já havia descoberto minha paixão pelas palavras que afloravam o tempo todo.
Enquanto muitos amigos preferiam outras “brincadeiras” eu era mais quieto e reservado, o que facilitava com a minha inspiração. Era em casa ou na aula que ela vinha, então tinha que ter mais um caderno na mochila. Outras vezes entrava madrugadas escrevendo e nem sempre me dava conta do horário e era tudo a mão. Eram memórias, poemas, citações e tudo o que vinha ía pro papel. Era um caderno universitário de 5 matérias simples, mas a vida dele não foi tão longa.
A maioria das minhas inspirações vinham de fontes que hoje não uso mais, por questões óbvias que saberemos mais adiante. Ele sobreviveu a duas namoradas bravamente até conhecer uma que conseguiu fazer algo que achei ser impossível. Terminada minha relação com a moça voltei pra casa abrindo uma de minhas gavetas e colocando tudo o que tinha nela numa caixa de papelão. Na intenção esquecer de forma permanente incinerei tudo o que tinha dela, das outras e o pobre caderno. Tudo de forma impensada e de cabeça quente.
Após ter tacado fogo em tudo parei, pensei e percebi o erro tarde demais: Queimei noites em claro de memórias, crônicas e poemas de muitos anos. E o pior foi o fato de que a pessoa não valia o ato impensado. Claro que eu tinha aproveitado e me desfeito de outras lembranças, mas nada era tão importante quando o meu caderno.
Pouco lembro do que escrevi pra não dizer que não lembro de nada. Mas eram linhas que me fizeram sorrir, pensar e até mesmo chorar. Narrativas de experiências que passei, crônicas de pequenos momento com amigos e família. Algumas coisas que até poderia reescrever mas nunca terão o mesmo teor, emoção e até mesmo sentimento daquelas linhas que as chamas consumiram.
Agir por impulso de raiva ou tristeza nunca resolverá o problema. Eis um bom exemplo sobre a maturidade.
Descarregar sua raiva seja correr com seu carro ou dentro de um copo de bebida nunca farão seu passado mudar. Qualquer atitude impensada nunca terá valido a pena principalmente se for por algum amor não correspondido. A pessoa não saberá o que está fazendo e nem sentindo o mesmo que você pois pouco se importará. O tempo de cura não precisa ser regado de formas que te deixem cicatrizes físicas se já bastam as sentimentais.
Amadurecer é refletir sobre os porquês de tudo aquilo que aconteceu e você pode fazer isso num banco de uma praça assistindo um pôr-do-sol. Deixe que o tempo traga as respostas pois muitas vezes um erro hoje é o acerto de amanhã. Acorde mais disposto e o que era lembrança se transformou em um sonho passageiro. Quando passamos por tudo isso intactos, mesmo com as cicatrizes é que aprendemos o que é a maturidade.
Paz e luz para todos! Até a próxima.
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